O nascimento de um filho é uma experiência profundamente transformadora. Com ele, chegam mudanças físicas, hormonais, emocionais e no relacionamento. A sexualidade também pode sofrer alterações. Os desafios da sexualidade no período pós-parto continuam a ser um tópico pouco falado, muitas vezes envolto em culpa ou vergonha, o que pode impedir a procura de ajuda especializada.

É comum que, no período pós-parto, surjam dificuldades sexuais. Pode haver dor com a penetração, diminuição do desejo sexual, secura vaginal, alterações na imagem corporal ou dificuldades na resposta sexual devido a alterações hormonais. Para além disso, a privação de sono, o cansaço extremo e a adaptação ao novo papel parental contribuem para este cenário. Acresce ainda a pressão social para um “retorno à normalidade”, o que desvaloriza a complexidade deste período. Importa reforçar que estas alterações não são necessariamente um sinal de disfunção ou de “problemas entre o casal”. São manifestações esperadas numa fase de grande exigência física e emocional. No entanto, no caso de as dificuldades sexuais se prolongarem ao fim de vários meses, causarem sofrimento pessoal ou impacto no relacionamento, é fundamental procurar apoio profissional.

A Medicina Sexual é a área médica que avalia e trata problemas sexuais. Através de uma abordagem empática e sem julgamentos, a consulta de Medicina Sexual permite identificar as causas para as alterações sexuais no pós-parto — que podem ser orgânicas, psicológicas ou relacionais — e traçar estratégias de tratamento personalizadas. Estas podem incluir intervenção médica, psicoterapia, reabilitação pélvica ou educação sexual. A promoção da saúde sexual deve fazer parte dos cuidados de saúde no pós-parto. É importante reconhecer que o corpo muda e que os vínculos se transformam, mas que o prazer, o desejo e a intimidade continuam a ser importantes.

Neste sentido, o Hospital da Lapa inicia agora consultas de Medicina Sexual, com a Dra. Mafalda Cruz, médica radioncologista e sexóloga, apoiando desta forma mulheres, homens e casais a viverem uma sexualidade saudável em todas as fases da vida. Porque a sexualidade não termina com a chegada de um filho — apenas se transforma.